Maccabeo - Parte II

. quarta-feira, 16 de abril de 2008

Aqui segue a Segunda parte do Conto, espero que apreciem.


Após alimentar seus dois cavalos, arrumar os livros e mantimentos no carroção, Cândido olha uma última vez para o tumulo de Gladys, fecha os olhos por um momento, quando os abre novamente, olha suas terras, as folhas das arvores já se encontram queimadas pelo frio, e a cair rapidamente, olha os moinhos, e parte ao por do sol.

Durante a noite, Cândido apenas consegue questionar a si mesmo se aquilo foi uma decisão sábia, abandonar seus filhos e sua vida, abrir mão de uma vida confortável por um objetivo que pode ser inútil, mas bem, ele iria fazer isso por Gladys e por todas as pessoas que talvez possa ajudar.

Ao amanhecer, Cândido pega seu cantil, bebe um pouco de água, procura uma fruta qualquer, e continua seu caminho, após algumas horas, surge uma silhueta de uma pessoa a frente da estrada, alguém que vem em sua direção.

- Companhia pode ser agradável! Exclama Cândido, que aumenta a velocidade dos cavalos em direção daquela silhueta, mas logo a felicidade de Cândido se torna espanto, pois aquele que vem a frente usa um fato de proteção à praga...

-Maldição! Se for um padre, tomara que o mesmo passe direto, que não me note! Murmura Cândido, se ele chegar a olhar meus livros, estarei morto!

O homem se trajes negros, ao aproximar-se da carroça, levanta sua mão direita e diz:

- Dominus Vobiscum!¹

Cândido se desespera e amaldiçoa seu azar, aquele que esta em sua frente é um padre, e a julgar por seus equipamentos em seu traje, trata-se se um inquisidor!

O homem diz em um italiano bastante carregado de sotaque, uma mistura de latim com os idiomas falados ao norte.

- Meu companheiro, poderia por gentileza me oferecer uma carona, já é quase hora do almoço e estou atrasado, preciso chegar a Veneza antes do anoitecer!

Cândido, com uma voz tremula, diz ao homem que seria um prazer sua companhia, pois um homem de Deus traria paz à viagem.

O homem de trajes negros senta ao lado de Cândido, e começam a conversar sobre filosofia, Cândido se esquiva ao máximo possível de assuntos relacionados à metafísica ou mesmo a praga, mas, depois de algumas horas de viagem, o padre se mostra cada vez mais curioso em relação ao que Cândido carregava no carroção, e com a desculpa de pegar água, abre as cortinas e vê os livros que Cândido carregara, nesse momento, Cândido como que por instinto, pega sua gladius, e quando o padre volta para falar com Cândido, este trespassa a lamina no pescoço do padre, este por sua vez, tenta inutilmente levar a mão a lamina, mas antes que o faça, tomba em alguns espasmos e falece.

- Perdoe-me, mas acho que isso foi necessário, diz Cândido ao remover a máscara que cobria o rosto do inquisidor, e com espanto vê que aquele que acabara de assassinar não tinha mais de 18 anos, ele passa a mãos nos cabelos dourados que o jovem possuía, provavelmente era dos reinos germanos, pobre alma...

-Timeo hominem unius libri², murmura Cândido, ao imaginar o que poderia ser feito a aquele cadáver, até que um súbito pensamento relampeja à mente de Cândido – Suas vestes! Com elas não poderei temer os outros inquisidores!

Cândido remove o Fato do jovem rapaz, veste o corpo com suas roupas – Mas e alguém encontra-lo aqui, pode ser um problema, Cândido nota um lado a sua esquerda, lá ele poderia lavar o Fato do padre, para remover o sangue, e este lago poderia servir de tumulo para o jovem rapaz.

Cândido abre a região torácica do rapaz, e mesmo sentindo náuseas, ali insere algumas pedras, após isso, costura o tórax do rapaz, leva-o para o meio do lago, e o deixa afundar, pois com o peso das pedras ele não irá boiar, ficara ao fundo do lago sem eu eterno repouso. Ainda um pouco nauseado, Cândido veste o Fato, e segue viagem...


¹: “Deus esteja convosco”

²: “Deve-se temer não quem lê muitos livros, mas quem lê muito um só livro".



Rodrigo, que está implorando para o tempo continuar "de temperatura agradável".


3 comentários:

Ana Paula disse...

ta indo bem!!!

Anônimo disse...

18 anos e inquisidor.... podia ser algum jovem disfarçado para própria proteção? Nessa época era mais comum os inquisidores serem velhos sádicos, tipo o Papa atual, sabe? gyauheuaheuaheuiaheuiaheuiaheua

Malditos padres... tinham que entrar no caminho?

Continue... estou acompanhando! Besos

(P.s.: Gica usando pseudônimo)

Anônimo disse...

Mein Liebe...

Está ficando com aquele gostinho de saber o final!!!

Tomara que ele não se depare com mais possíveis problemas....é um homem de muita fibra!!
Estou acompanhando amor!!
continua....

Bjos

 

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